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Expectativa versus realidade: o que moradores de três bairros em Tangará esperam das eleições

Nos bairros Vila Esmeralda, Jardim San Diego e Jardim Monte Líbano, as ações da gestão pública são avaliadas.
O CME Gentila Susin Muraro, um dos dois locais de votação da Grande Vila Esmeralda, tem sete seções e poderá receber 2,5 mil eleitores aptos para votar no próximo dia 06 de outubro. Foto: Julian de Sousa.

O primeiro turno das eleições municipais acontece no dia 06 de outubro em todo o Brasil. Em Tangará da Serra, a população vai escolher nas urnas uma pessoa para governar a cidade e outra para representar a comunidade dentro da câmara. O mandato tem duração de quatro anos para ambos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Tangará da Serra totalizou 106.434 habitantes no último censo de 2022. A mais recente atualização desses dados, divulgada em julho de 2024 pelo mesmo instituto, mostra que a população estimada já soma 112.547 habitantes. Deste total, apenas 69.537 pessoas estão aptas para votar, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No pleito deste ano, são quatro os candidatos na corrida pela prefeitura de Tangará, além de mais de 130 candidatos a vereador. Na Grande Vila Esmeralda — região que contempla os bairros Vila Esmeralda I e II, Jardim San Diego e Jardim Monte Líbano —, os moradores aguardam para descobrir como será o futuro do bairro e apontam algumas demandas.

VILA ESMERALDA

A estudante Alice Fernande Nascimento tem 17 anos e, desde a infância, mora na Vila Esmeralda. Para ela, as ruas do bairro precisam de manutenção devido a quantidade de buracos e a comunidade também carece de um local com mais árvores. Para a população deste bairro, a área verde mais próxima é o Parque da Família José Cardoso Campos, no Residencial Valência, ou o Bosque Municipal Ilto Ferreira Coutinho, no Centro. Ambos ficam a cerca de 4km de distância.

A Vila Esmeralda também é o bairro da dona de casa Francilma da Silva Miranda, de 42 anos. Ela se diz decepcionada com a saúde tangaraense pois, dentre os serviços públicos no seu bairro, sente falta de um Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e uma farmácia pública municipal. “Eu acho que todo postinho de saúde tinha que ter a farmácia já pra gente já sair de lá do postinho com o remédio”, completa.

O Cras e a farmácia pública mais próxima de Francilma e Alice estão localizados no Jardim Monte Líbano. As duas moradoras também concordam que as crianças do bairro precisam de um espaço de lazer. A Praça Dona Otília, mais conhecida como Praça do Esmeralda, foi revitalizada e inaugurada em maio deste ano. Além das melhorias, também ganhou um novo playground infantil, porém, segundo elas, já não atendem a população.

SAN DIEGO

Dos 56 anos de vida de dona Maria Aparecida Santos, 24 ela passou no Jardim San Diego. “Eu me mudei para cá em 2000. Nem lembro quem que era o prefeito”, conta. Quando questionada sobre o período eleitoral, ela resume com uma careta: “Não gosto de política!”

A doméstica reclama da lista crescente de serviços que faltam no seu bairro. “Falta saúde, olha, tem buraco demais nas ruas. Quando tá seca, sobe muito pó. Quando tá chovendo, muita lama”, vai listando. Mas reconhece que, no tempo em que chegou lá, o bairro era bastante pior. “Mas é muito aos pouquinhos que vai dando uma melhorada.”

Asfalto esburacado: moradores alertam para a quantidade de buracos nas ruas do Jardim San Diego. Foto: Julian de Sousa.

Denis Pereira Ferreira, cunhado de Maria, concorda com tudo que a sogra diz. Ele mora no Residencial Dona Júlia, mas é presença frequente no San Diego desde que começou a namorar a atual esposa, filha de dona Maria, em 2015. “Desde que conheço isso aqui, isso aqui não muda muito, não”, conta. Hoje, com 34 anos, Denis também compartilha da desilusão da sogra em relação à política. “Só aparece de quatro em quatro anos para pedir o nosso voto e só”, finaliza.

MONTE LÍBANO

A demanda de alguns moradores do Jardim Monte Líbano é a mesma — atenção às ruas e calçadas do bairro. A supervisora de meio ambiente Valdireni Soares de Jesus vive com sua família no local há aproximadamente 19 anos, e critica a prestação de serviço de infraestrutura do poder público. “Eu pago o IPTU da minha residência anualmente, e a gestão atual fez a manutenção do asfalto do bairro e algumas ruas não foram contempladas. O nosso representante do bairro fez a solicitação à secretaria responsável e a resposta obtida foi de que a Travessa 3B não consta no mapa da cidade. Como assim se o IPTU chega e o CEP da rua está ok?”, questiona.

Seu filho, o vendedor Kayck Rosário de Oliveira, também aponta que as ruas e calçadas esburacadas dificultam a autonomia de pessoas com deficiências. Ele tem um tio com deficiência físico-motora, também morador do bairro, que convive com esta realidade. Em outros quesitos, como educação e saúde, mãe e filho se sentem atendidos.

Nestas eleições, os dois vão votar. Kayck vai participar pela primeira vez do processo democrático e poderá escolher quem quer à frente da cidade nos próximos quatro anos. “Se a gente não votar, como vai cobrar? Nós temos que escolher pessoas certas para liderar a cidade”, argumenta. Já Valdireni vota e afirma: “acho importante não terceirizar a minha responsabilidade como cidadão de avaliar e indicar através do voto a melhor proposta para uma gestão pública”, conclui.

Acho importante não terceirizar a minha responsabilidade como cidadão de avaliar e indicar através do voto a melhor proposta para uma gestão pública.”

Na contramão de mãe e filho, Vicente da Cruz Silva vê a política, no geral, com olhos pessimistas. Aos 52 anos, o magarefe assume, rindo, que não acompanha, evita aproximação com o assunto e, ainda, que sequer sabe em quem vai votar nestas eleições. Mas quando questionado sobre o que faria em prol da sua localidade caso pudesse ser o prefeito da cidade por um mandato, ele muda o tom de risonho para sério. Morador do bairro há 6 anos, Vicente não está sozinho quando o assunto é desconfiar da política — e dos políticos! Tendência crescente entre a população, o medo de eleger sempre a pessoa errada atrelada à desconfiança do caráter do eleito impedem o envolvimento dessa parcela da população de discutir as melhorias que a política pode proporcionar. “Se eu fosse o prefeito, eu começava acabando com essa corrupção, né?”, diz. Pergunto como, mas ele apenas sorri.

LOCAIS DE VOTAÇÃO

Segundo o Cartório da 19ª Zona Eleitoral, que compreende Tangará da Serra e Nova Olímpia, há apenas dois locais de votação situados na região da grande Vila Esmeralda: a Escola Estadual Pedro Alberto Tayano, na Vila Esmeralda, com 11 seções e, atualmente, 3.539 eleitores aptos para votar nestas eleições; e o Centro Municipal de Ensino Gentila Susin Muraro, no Jardim San Diego, com 07 seções e 2.510 eleitores aptos para votar. No Jardim Monte Líbano não há local de votação.

Vale também frisar que a quantidade de eleitores aptos a votar não se restringe a apenas moradores dos três bairros.

 

Julia Ribeiro é acadêmica da 8ª fase do curso de jornalismo da Unemat tangaraense. Julian de Sousa é acadêmico da 7ª fase do mesmo curso na mesma instituição.

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Guest
Oct 02
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Bela reportagem

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