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From enemies to lovers: novo filme de Godzilla quase não tem Godzilla


Cartaz promocional de Godzilla x Kong: O Novo Império.

A lagartixa radioativa está tocando o terror em Hollywood. Depois do seu primo japonês — Godzilla Minus One (2023) — ter surrupiado o último Oscar de Melhor Efeitos Especiais de superproduções como Napoleão (2023) e Guardiões da Galáxia Vol. 3 (2023), chegou a vez de Godzilla x Kong: O Novo Império (2024) pipocar na telona com todo o seu... exagero!

Já nos primeiros minutos, temos o lagartão do título se estapeando em plena luz do dia com Scylla, uma espécie de aranha gigante, em Roma. A impressão que fica é que o diretor Adam Wingard, que também dirigiu Godzilla vs. Kong (2021), sabe de cor aquela matemática cujo resultado é a captação imediata da atenção do povão. Uma pequena prova disso é que o capítulo atual, o quinto da saga intitulada MonsterVerse, já estreou no topo das arrecadações lá nos EUA e aqui no Brasil, além de somar 92% de aprovação do público no Rotten Tomatoes. A crítica, no entanto, cagou no filme. E com certa razão. Explico a seguir.

Para quem não se lembra, o MonsterVerse — universo compartilhado de monstros da Legendary Pictures — foi iniciado dez anos atrás com um filme tão escuro quanto insosso: Godzilla (2014). Na sequência, veio Kong: Ilha da Caveira (2017) para refrescar a recém-iniciada franquia norte-americana sobre os dois kaijus mais famosos da cultura pop e reconduzir aquela seriedade mórbida do primeiro filme para um tom mais aventuresco. Então, Godzilla 2: Rei dos Monstros (2019) aqueceu o ringue para o aguardado embate entre gorilão e lagartão, que só ocorreu no já citado Godzilla vs. Kong (2021), um remake do clássico King Kong vs. Godzilla (1962), dos estúdios Toho.

Apesar de apresentar um universo ficcional inventivo que foi bem pouco explorado nos primeiros filmes — falo da teoria da Terra Oca, como exemplo —, o bom senso indicava que a franquia deveria acabar em Godzilla vs. Kong. Só que a gente sabe que, nesse mercado, é o lucro que comanda o leme das superproduções.

E foi assim que chegamos a Godzilla x Kong: O Novo Império...

Já adianto que o filme é uma galhofa só! Genérico que dói! Para quem se formou na última década com os filmes da Marvel-DC e está calejado na função de sommelier de CGI, este longa é um prato cheio. Com bichos gigantes que só faltam falar — Kong, por exemplo, desde o longa de 2021, usa linguagem de sinais para se comunicar com os humanos —, o que sobra nesse tal de novo império são kaijus surgindo e sumindo aos montes; dentre eles, dois foram sorteados para rivalizar com Godzilla e Kong: Skar King, um orangotango gigante aprisionado no submundo da Terra Oca, e Shimo, uma titã ancestral com poderes de gelo que, segundo a teoria do filme, foi responsável pela primeira era glacial da Terra.

O simpático macaquinho Suko. Será que o pessoal de VFX não tinha desing menos tosco para dar a esse bicho? Imagem: reprodução.

Ah! E quase me esqueço do arrombadinho do Suko — o mini-Kong engraçadinho que conduz o nosso big-Kong ao covil do tirano Skar King.

A história caminha, com frequência, por um roteiro tosco e brega permeado de interferências humanas fora de hora. O defeito mais irritante de todo o MonsterVerse, aliás, é o núcleo humano. Histórias bobas com as quais não nos importamos cuja função é atrapalhar a bicharada gigante saindo no tapa, que é o motivo de irmos ao cinema ver tal tipo de filme.

Mas, no fim das contas, ele cumpre a missão de estender a exploração da Terra Oca, e mesmo o título meio deslocado — Novo Império... — deve ser uma referência abstrata a essas novas localidades agora conquistadas pela dupla de mocinhos colossais. Porque mais deslocado que isso só o Godzilla, coitado, que está no título do filme, mas quase não dá as caras nele quando comparamos o seu tempo de tela com o dos demais bichões. E quando sobe o letreiro é que a gente dá um suspiro. Ufa!

Tal qual no filme de 2021, todo mundo acaba bem: Kong herda a Terra Oca enquanto Godzilla segue reinando na superfície, e os humanos voltam para casa sem um arranhão. Pensando melhor, é um filme bacana. Tem lá sua simpatia. E se a gente fechar um olho e se fingir de besta, dá para se divertir bastante.

Ah, um adendo: a luta final, no Rio de Janeiro, tem direito a destruição, porradaria e os caralhos. Mas se você notar bem, nos takes onde os banhistas fogem desesperados nas praias, os figurantes não são brazucas. Reconheci pelo tamanho dos biquinis. Isso foi claramente uma tramóia do Adam Wingard com o seu editor. Puseram umas loiras arianas de calçola correndo na areia e acharam mesmo que a gente não ia perceber... Rá!

 

Título original: Godzilla x Kong: The New Empire

Direção: Adam Wingard

Elenco: Rebecca Hall, Brian Tyree Henry, Dan Stevens, Kaylee Hottle

Gênero: Ação, Aventura, Ficção Científica

Ano de lançamento: 2024

País: EUA


Sinopse: 

Godzilla e Kong enfrentam um monstro aterrorizante que ameaça todo o planeta.







Onde assistir: está em cartaz no cinema.


 

Julian de Sousa é acadêmico da 6ª fase de jornalismo na Unemat tangaraense.

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