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Infiltração em sala do novo bloco de jornalismo indigna comunidade acadêmica

Atualizado: 4 de abr. de 2023

Apesar de ser um centro de formação humanista antes de profissional, e que atende não só o público de Tangará da Serra, mas estende o seu hall de entrada a muitos alunos das cidades vizinhas que vêm estudar aqui, o campus tangaraense da Unemat tem sofrido com manchas no seu histórico de excelências.


Dias atrás, com a chuva desabando lá fora, um acadêmico filmou com o celular uma cena de causar indignação: na sala 42 do bloco F — um novo, atrás da cantina, entregue para o curso de jornalismo há menos de um ano —, goteiras pingavam do teto já escurecido pela infiltração, tirando a atenção da aula. O vídeo rolou no principal grupo de WhatsApp do curso (Jornalistas Livres), fazendo com que mais filmagens da mesma cena, presenciada também por outros acadêmicos do bloco, surgissem.


Acadêmico filma goteira em sala do novo bloco de jornalismo. Vídeo: reprodução.


Para Janderson Ribeiro Mendes, acadêmico da 3ª fase de jornalismo e autor do vídeo acima, esse é o tipo de coisa que não só atrapalha a aula, mas contribui para o desinteresse e dispersão dos acadêmicos com o tempo. “Essa infiltração que eu mandei," ele conta, "fica em cima da mesa do professor. Ele tem que mudar a dinâmica dele." Quando perguntado se acredita que o problema vai ser resolvido, Janderson enfatiza: "solução pode até ter, a gente tem que cobrar, mas o problema é que a gente não sabe quem cobrar."


Além do Janderson, mais acadêmicos, frequentadores do bloco novo, se manifestaram a respeito da sala 42. Maria Teresa, por exemplo, da 4ª fase, enfatiza a falta de respeito e questiona se o dinheiro público foi bem aplicado. "A partir do momento que você entrega uma coisa que está com defeito, certamente tem um dinheiro que está sendo jogado fora." Para Séfora Machado, da 3ª fase, a sala nova foi sua grande frustração do semestre. "Semestre passado, eu passei em outro bloco, e a gente contava os dias para passar para o bloco novo de jornalismo, para chegar lá e ter essa situação", ela conta.


No fim das contas, não foram só os alunos os pegos de surpresa. Professora há 33 anos — 14 deles só na Unemat tangaraense —, Ana Lúcia Andruchak confessa que a expectativa de ter um prédio novo para o curso era motivadora. Um semestre atrás, a atual coordenadora de jornalismo experimentava as dores e as delícias de ser, ela mesma, acadêmica do curso que coordena. Interessada no processo de aprendizado dos alunos, ela viu de perto por seis meses como eles se relacionam e enfrentam as dificuldades do campus e das próprias formações.


"Como aluna", desabafa, "compartilho o sentimento de desânimo, pois desde 2017 faltam salas suficientes para abrigar todas as turmas. Como professora e coordenadora, o sentimento é de impotência e vergonha por constatar tantos problemas e se sentir de mãos amarradas". Sobre a circulação dos vídeos, como o do Janderson, ela assume: "esse cenário intensifica o sentimento de descaso com os alunos."


Perguntada sobre como os acadêmicos podem denunciar futuros flagrantes como o da sala de teto gotejante, Ana orienta interesse e articulação: "Toda ação [filmagens, fotos, abaixo-assinados, etc...] precisa ser articulada coletivamente, pois assim produzem muitas provas que podem ser enviadas por e-mail à todas às instâncias superiores dentro da Unemat, coordenação de curso, de faculdade, do campus, pró-reitoria e reitoria. Também tem um espaço no site do campus chamado Solicitações. Nesse espaço, o aluno, técnico ou professor pode postar provas e pedir soluções."


Além disso, ressalta que há ainda a possibilidade de os acadêmicos convocarem as autoridades gestoras do curso e do campus, como a Diretoria Político-Pedagógica e Financeira (DPPF), para uma assembleia geral, onde os problemas serão listados, debatidos e seus prazos de resolução cobrados.


Entregues no segundo semestre de 2022, salas do Bloco F apresentam infiltração e mofo. Foto: Julian de Sousa

Fora a infiltração do pavilhão novo, é só dar uma volta pelo campus para percebê-lo nu da cintura para baixo. Ao passo que as galerias interditadas vão sendo entregues já com um ou dois aniversários completos, os pátios escuros, depredados, rachados, vão contrastando com essa brancura de gesso novo, de cimento fresco e tinta clara. Vamos vendo a novidade sendo construída, mas também vamos vendo as manchas de infiltração, os pisos quebrando, os corredores escuros, a internet falhando, as maçanetas das portas saindo ao serem puxadas. Em certos lugares, dar uma volta pelo campus parece o mesmo que dar uma volta por uma universidade esquecida e abandonada. Se um bloco novo em folha como o F, com suas infiltrações prematuras, já pode ser incluso nesse pacote de abandono, a pergunta que fica é: quanto tempo as novas construções vão durar para o usufruto da gente?

 

Julian de Sousa é acadêmico da 5ª fase de jornalismo da Unemat tangaraense.

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